terça-feira, 18 de outubro de 2016

Pé na estrada!


No primeiro semestre de 2016 empreendemos uma viagem em família por quatro meses. Viajar decorreu naturalmente dos processos que vimos vivendo desde o nascimento de Miguel, há cinco anos. A maternopaternidade foi avassaladora em nossas vidas, para o bem! 

Junto ao nascimento de Miguel também iniciamos um processo de cura. Não só físico, mas também espiritual. O tumor no cérebro do Tiago, descoberto pouco antes de Miguel fazer 2 meses, abalou nossas estruturas, evidentemente. 

Mas não nos deixamos abater e logo completaremos 5 anos da cirurgia e do início dos tratamentos. O nascimento de nossa segunda filha, Eloísa, foi uma grande celebração desse processo de cura.

Em 2013 parei de trabalhar fora pois para mim a vida segmentada não tinha mais sentido. Não fazia sentido deixar meu filho com a babá e sair pra (tentar) mudar o mundo. Me dei conta de que a grande revolução estava na relação com ele. Queria uma vida integral,orgânica e transformadora.

Também saímos de São Paulo nessa época e muitos processos de autoconhecimento e de mudanças internas e externas se iniciaram.

No início de 2016 foi a vez de Tiago parar de trabalhar. Ele, muito mais do que eu, vem protagonizando uma grande transformação pessoal. Curar-se de um câncer cujo prognóstico era amedrontador é muito mais que um grande feito. Sua força de vontade com relação à alimentação e ao autoconhecimento é inspiradora. Quanta coragem e determinação reconheço em meu companheiro.

Desde o início desse ano, pois, somos todos desinstitucionalizados. Eu e ele nos desligamos de nossos trabalhos formais no sistema. Nossos filhos nunca foram à escola. E agora, para onde ir? Qual caminho seguir?

Naturalmente veio a ideia da viagem. Como nada mais nos prendia a Barão Geraldo desde que Tiago se demitiu, saímos em busca de comunidades sob o pretexto de encontrar um lugar para construir nossa casa. O que encontramos, de fato, foi um lugar de estarmos em família.

Sim, pois desde que parei de trabalhar fora era eu quem ficava com Miguel e depois, com Eloísa. Sem falar no tempo de convalescência de Tiago, que durou mais de um ano e que não permitiu uma verdadeira entrega sua à paternidade, do que ele sempre se ressentiu.

Era chegada a hora, portanto, de “integrar” Tiago à família e essa viagem de quatro meses serviu também para isso. Mas foi um grande aprendizado para todos estar juntos 24 horas por dia, 7 dias por semana, chegando a lugares novos, estabelecendo contato com as pessoas, recriando uma rotina com as crianças, cuidando dos espaços que nos acolheram, cozinhando, lavando nossas roupas, enfim, vivendo sem grandes compromissos externos.

Como já ouvi de mais de uma pessoa, viajar acelera os processos. E pude senti-lo na pele. O início da viagem foi muito duro, mas olhando em perspectiva, foi tudo o que precisávamos, e foi bom demais. Tanto que nossa estadia, de volta à nossa casa em Barão Geraldo, foi relativamente harmônica. Ainda que muitos estranhamentos e questionamentos nos tomassem.

Por isso estávamos tão animados em recolocar o pé na estrada. E assim iniciamos uma nova viagem, dessa vez mais curta, um mês e meio. Escolhemos Minas Gerais por ser sede de alguns projetos que queríamos conhecer e vivenciar, mas também passaremos pelo Rio de Janeiro e por Cunha.

Viajar é sempre um desafio. E desafios são tudo o que nos move!

Partiu Minas Gerais!


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