terça-feira, 24 de julho de 2018

Sobre medos, mortes e "insights"



Há algumas semanas identifiquei em mim o medo de que minha filhota, de 3 anos, morresse. Foram vários dias com um misto de angústia e tristeza.

Hora eu não queria nem pensar nisso e fugia dessa ideia. Em outros momentos me permiti olhar pra essa fantasia e sentir esse medo a ponto de me emocionar ao imaginá-la de fato morta. De como seria seu funeral, das tantas pessoas que também a amam, o quanto a acho especial, doce, amorosa e por isso, amada por todos. E o abalo que essa situação causaria em nós.

Num desses dias, na cozinha, preparando o café da manhã, eu e ela, senti um aperto no peito. Peguei-a no colo e tive um insight: percebi que tenho medo do inevitável, de perder essa filha de 3 anos, esse meu bebê, essa minha fofura que abraço, beijo, pego no colo, aperto. Que diz coisas tão graciosas, que nos hipnotiza com seu jeitinho esperto, atento, engraçado.

Essa bebê, inevitavelmente, morrerá e dela surgirá outra criança, e outra, e outra, e mais outra, e uma pré adolescente, e uma adolescente, e uma moça e uma mulher… Esse era o meu medo, esse o meu aperto no peito. E se na mesma hora senti alívio, não pude deixar de derramar uma lágrima de tristeza por ela não ser pra sempre minha bebezuca.

Mas o surpreendente é que, assim que me dei conta disso, Lolo me disse: “a bebê morreu, agora só tem uma criança” (!).

Essa fala dela, além de me surpreender, confirmou minha intuição sobre meus sentimentos. Mas também me mostrou nossa conexão e o quanto as crianças estão antenadas, o quanto elas já sabem o que está se passando, o quanto aprendem num outro nível.

Essa minha filhota de hoje morrerá, sentirei saudades, mas continuarei me apaixonando pela filhota que dela vai brotando, sempre e a cada dia.