Estamos sempre tensos, tesos, no tratar com nossos filhos. Mais eles crescem, mais tesos ficamos.
Seguimos todo tempo cobrando, exigindo posturas da criança. A relação vai ficando pesada.
Expectativas, controle, ter razão, ser atendidos em nossos pedidos, desejos, necessidades. Somos tão crianças quanto eles.
Vejo tanta injustiça quando ele grita com a irmã, quando bate nela. Não vejo razão para que ele se exaspere. Vou lá e o reprimo, o critico, digo como ele deve agir.
Mas quando grito com ele, o ameaço, o desrespeito, ajo com raiva, quem o salva de mim?
Não consigo compreender as atitudes dele, mas não consigo inibir as minhas do jeito que espero que ele o faça.
Quantas armadilhas!
Como sair da situação e ser uma observadora? Como ser uma observadora da minha relação com meu filho da mesma forma que sou uma observadora da sua relação com a irmã?
Nos primeiros minutos do dia, após o abraço e a troca de carinho iniciais, já estamos em pé de guerra. As ações dele são reações há tanta pressão e desrespeito que sofreu. Ele não é mais dócil, Está totalmente na defensiva. E se defender é atacar.
Aí me sinto atacada, revido, e já iniciamos um ciclo vicioso que é também uma bola de neve: crescente na violência, na raiva, nas reações agressivas.
Como parar, como girar a roda para o outro lado?
Eu sou a adulta. Eu tenho mais condições, nesse momento de nossas vidas, de virar o jogo. Aliás, fui eu quem o comecei.
Mas as emoções, o automático, a raiva, a fúria, são mais rápidas.
Brecar. Parar. Respirar. Deixar ir, Deixar ser. Palavras chaves.
Sei que a única pessoa que pode salvá-lo de mim, sou eu mesma.
Por enquanto, percebo. Escrever é uma forma de jogar luz sobre essa relação. É o que tenho, e posso, agora.