quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Quem salva meu filho de mim?



Estamos sempre tensos, tesos, no tratar com nossos filhos. Mais eles crescem, mais tesos ficamos.

Seguimos todo tempo cobrando, exigindo posturas da criança. A relação vai ficando pesada.

Expectativas, controle, ter razão, ser atendidos em nossos pedidos, desejos, necessidades. Somos tão crianças quanto eles.

Vejo tanta injustiça quando ele grita com a irmã, quando bate nela. Não vejo razão para que ele se exaspere. Vou lá e o reprimo, o critico, digo como ele deve agir.

Mas quando grito com ele, o ameaço, o desrespeito, ajo com raiva, quem o salva de mim?

Não consigo compreender as atitudes dele, mas não consigo inibir as minhas do jeito que espero que ele o faça.

Quantas armadilhas!

Como sair da situação e ser uma observadora? Como ser uma observadora da minha relação com meu filho da mesma forma que sou uma observadora da sua relação com a irmã?

Nos primeiros minutos do dia, após o abraço e a troca de carinho iniciais, já estamos em pé de guerra. As ações dele são reações há tanta pressão e desrespeito que sofreu. Ele não é mais dócil, Está totalmente na defensiva. E se defender é atacar.

Aí me sinto atacada, revido, e já iniciamos um ciclo vicioso que é também uma bola de neve: crescente na violência, na raiva, nas reações agressivas.

Como parar, como girar a roda para o outro lado?

Eu sou a adulta. Eu tenho mais condições, nesse momento de nossas vidas, de virar o jogo. Aliás, fui eu quem o comecei.

Mas as emoções, o automático, a raiva, a fúria, são mais rápidas.

Brecar. Parar. Respirar. Deixar ir, Deixar ser. Palavras chaves.

Sei que a única pessoa que pode salvá-lo de mim, sou eu mesma.

Por enquanto, percebo. Escrever é uma forma de jogar luz sobre essa relação. É o que tenho, e posso, agora.