domingo, 14 de setembro de 2014

Tudo a seu tempo



Quando Miguel fez 2 anos, compramos um triciclo que vira biciclo quando a criança adquire as habilidades necessárias.

É um brinquedo lindo e genial, pois permite à criança aprender a andar de bicicleta através de seu próprio equilíbrio, tentativa e erro, evitando a fase das rodinhas.

Só que o Miguel nunca deu a menor bolo pra esse brinquedo. Sequer tentou montá-lo quando ganhou. As crianças que vêm em casa adoram, querem testar, mas pro Miguel não fazia a menor diferença.

Pois não é que perto dos 3 anos ganhou um capacete do pai, que também usa e vai pro trampo de bici, e aí deu pra querer andar de triciclo, dizendo, com o capacete na cabeça: “vou trabalhar”.

Tudo a seu tempo. Nós é que criamos a expectativa, e somos tão imediatistas que esperamos que os filhos ultrapassem fases, e interesses, como se estivessem numa prova de obstáculos.

Há tanto a aprender! Com a comida tive, e ainda tenho, um grande aprendizado. Miguel só começou a comer com um ano e meio e havia coisas que não comia e pronto!

A espera que vivi até que ele começasse a comer me obrigou a reduzir a zero as expectativas e aceitar que ele fosse como é. Um livro que me ajudou muito foi “Mi niño no me come”, do pediatra espanhol Carlos Gonzales, que recomendo com veemência tamanho o respeito pelo outro que nos mostra.

Essa leveza no comer, em não obrigar, pedir nem esperar que ele coma resultou em um menino apreciador de tapioca, pepino, beterraba, aceto balsâmico, tahine com mel, yogurt, vagem, couve, omelete, peixe cru e muitas outras coisas que em nem poderia sonhar! Ha outras que não come, não quer provar, e pronto. Uma delas era banana.

Pois não é que há mais ou menos dois meses uma amiga com as filhas gêmeas estava em casa e entre os conflitos surgidos com o tema da posse dos brinquedos, cuja maioria era do Miguel, ela ofereceu banana às meninas e, como forma de aproximação, ele pediu banana, comeu várias e desde então faz parte do seu cardápio.

Assim também com livros, discos, brinquedos para os quais ele não ligava, não queria ouvir, ver, brincar. Com o tempo interessou-se e passou a apreciar.


A expectativa é minha. Acreditar no meu filho e no seu crescimento e amadurecimento é um desafio diário, mas cheio de recompensas.