Há algumas semanas
identifiquei em mim o medo de que minha filhota, de 3 anos, morresse.
Foram vários dias com um misto de angústia e tristeza.
Hora eu não queria
nem pensar nisso e fugia dessa ideia. Em outros momentos me permiti
olhar pra essa fantasia e sentir esse medo a ponto de me emocionar ao
imaginá-la de fato morta. De como seria seu funeral, das tantas
pessoas que também a amam, o quanto a acho especial, doce, amorosa e
por isso, amada por todos. E o abalo que essa situação causaria em
nós.
Num desses dias, na
cozinha, preparando o café da manhã, eu e ela, senti um aperto no
peito. Peguei-a no colo e tive um insight: percebi que tenho
medo do inevitável, de perder essa filha de 3 anos, esse meu bebê,
essa minha fofura que abraço, beijo, pego no colo, aperto. Que diz
coisas tão graciosas, que nos hipnotiza com seu jeitinho esperto,
atento, engraçado.
Essa bebê,
inevitavelmente, morrerá e dela surgirá outra criança, e outra, e
outra, e mais outra, e uma pré adolescente, e uma adolescente, e uma
moça e uma mulher… Esse era o meu medo, esse o meu aperto no
peito. E se na mesma hora senti alívio, não pude deixar de derramar
uma lágrima de tristeza por ela não ser pra sempre minha bebezuca.
Mas o surpreendente
é que, assim que me dei conta disso, Lolo me disse: “a bebê
morreu, agora só tem uma criança” (!).
Essa fala dela, além de me surpreender, confirmou minha intuição sobre meus sentimentos. Mas também me
mostrou nossa conexão e o quanto as crianças estão antenadas, o
quanto elas já sabem o que está se passando, o quanto aprendem num
outro nível.
Essa minha filhota
de hoje morrerá, sentirei saudades, mas continuarei me apaixonando
pela filhota que dela vai brotando, sempre e a cada dia.