Saímos de
Algodões já com saudades e sabíamos que nossa próxima parada seria, no mínimo, roots. E é! Aldeia é uma fazenda à beira
do Rio de Contas, perto de Itacaré, em que moram seis famílias. Tivemos que trazer
tudo pra cá, desde lençóis e toalhas, até toda a nossa comida pelo tempo de
estadia. E levaremos nosso lixo embora.
Estamos alojados
em dois quartos que se comunicam por uma porta. Compartilhamos o banheiro com
outras famílias e usamos a cozinha coletiva para fazer nossa alimentação. Ali
não há mesa. Comemos no chão sobre esteiras.
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Esperando o café da manhã |
A natureza aqui é
potente, está em todo lugar, até no banheiro, onde uma pequena planta cresce
pegada à porta, na parte interna. Fomos à uma linda cachoeira com pequenas
piscinas naturais.
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Em expedição |
Conhecemos um
pouco da produção de produtos da marca Aldeia feitos aqui: tahine, creme de
amendoim, de castanha de caju e de cacau, óleo de côco, guee. Vimos algumas
casas que estão sendo construídas com técnicas de bioconstrução. Há voluntários
em ambos projetos.
Cozinhamos todas
as nossas refeições, compartilhamos algumas.
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Algumas casas de Aldeia: natureza potente |
As pessoas aqui
são extremamente amigáveis. As crianças são amáveis e Miguel imediatamente se
identificou com elas. É a primeira vez, em toda a viagem, que o sinto
tranquilo, integrado, feliz. Ainda não tivemos nenhum conflito mais importante
com ele. As noites têm sido tranquilas, todos dormindo no chão, em dois
colchões de casal colocados lado a lado.
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hora da mexerica: mirando o Rio de Contas |
Sinto aqui que
estamos sendo. Em outros lugares o ego esteve mais presente, precisávamos nos
explicar, dizer quem éramos, o que pensávamos, o que queremos, sempre com o
objetivo de atender ao que acreditamos ser a expectativa do outro. Aqui não
sinto cobranças, minhas ou dos outros. Mesmo nossos ciclos de humores, de altos
e baixos, não têm rolado. Estamos tranquilos, só sendo, só vivendo.
As pessoas aqui
estão na essência. Não há porque usar desodorante, raspar-se, mudar de roupa
todo dia. Tudo é vivido no agora: comer, tomar banho, dormir, passear, entrar
no rio, estar com as crianças.
As crianças
brincam em toda sua potência, livres na natureza. Até os bebês são mais
autônomos e se distanciam dos adultos sem medo por qualquer dos lados. Me sinto
realmente leve, suprindo minhas necessidades essenciais, estando, sendo.
Ver Miguel assim
é pra mim um presente. Pode ser o lugar, podem ser as pessoas, pode ser o
trabalho que vimos fazendo para enfrentar os desafios da viagem e de estar em
família nas condições em que estamos. Pode ser muita coisa. Mas não tenho
dúvidas de que menos é mais, porque o que fica é a essência. Aldeia, pra mim, é
essência.
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