Hoje compreendi um pouco as minhas vizinhas. E desci do
pedestal.
São mulheres que trabalham dentro e fora de casa. Madrugam.
Fazem o serviço de casa. Deixam os filhos com avós, na creche, na escola.
Trabalham o dia todo. Voltam no fim do dia com os filhos só para continuar o
serviço doméstico. E gritam. Gritam muito com os filhos. O tempo todo. Os
menores choram. O tempo todo. Os maiores gritam. O tempo todo.
Eu, tendo ajuda três vezes por semana, cuidando só do
filhote, nunca grito com ele, dificilmente me descabelo. Mantenho a postura e a
doçura, mesmo quando são só disfarce. E critico as vizinhas.
Pois hoje minha ajuda faltou. Arrumei “malemá” a casa e
comecei a fazer o almoço. Miguel requeria minha atenção todo o tempo. Perdi
muito a paciência. Senti muita raiva. E muitas vezes não consegui disfarçar.
Levantei a voz, me irritei, fiz gestos bruscos, lamentei em voz alta.
Aí compreendi o quanto de conexão e paz de espírito são
necessárias quando o cuidado com o filho não é a única atividade e há outras
prioridades a serem atendidas.
É claro que nada justifica a falta de respeito,
agressividade e mesmo violência com os filhos, mas me leva a olhar mais fundo,
respirar com mais calma, refletir com sinceridade e cuidar muito mais da relação.
Mesmo assim, hoje desci do pedestal. E vi as vizinhas com
mais humildade e humanidade.
Vc já leu esse texto:
ResponderExcluirhttp://familia.com.br/a-questao-relevante-sobre-o-grito
Chorei que me lavei! Por tudo o que já gritei, mesmo que agora já não o faça (por diversos motivos, entre os quais ter apoios os mais variados na vida), por tudo o que já me descabelei e agora já consigo não me descabelar, pela importância da concexão com os filhos, mas também da conexão com uma rede afetiva com pessoas que fazem a diferença na nossa vida e na educação dos nossos filhos. Prazer em te (re)conhecer.
Oi Laura, já li sim! E outros dessa handsfreemama. É, sem dúvida, uma inspiração!
ResponderExcluirClá adorei este teu texto. Singelo e honesto. Muito bom!
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