“Mãe, tem
planos?” “Mãe, tem planos pra amanhã (!)?” É assim que meu
filho, 3 anos e 10 meses1,
me aborda diariamente. Não se satisfaz em querer saber se há algo
planejado pra hoje. Quer saber se já há planos para o dia seguinte.
Para a tarde. Para a noite.
De onde vem essa
ansiedade se não dos pais. A criança vive no presente. Ela está
conectada com o aqui e agora. Com seu corpo, com seus sentimentos,
com seu fazer.
Nós, por outro
lado, estamos em qualquer lugar menos no presente. Planejando,
pensando, voando com nossa mente pro futuro, pro passado, pros
problemas, pras obrigações, pra lista de pendências.
Por isso é
sintomático quando ele diz: “Mãe, você e o papai são muito
rápidos, eu sou devagarzinho.” Que pressa é essa?
Parei de trabalhar
fora, mudamos pra uma cidade pequena, vivemos num pequeno condomínio
que é mais uma comunidade, numa área rural, passo o dia com mes
filhes que não vão à escola, não temos grandes compromissos
diários e, mesmo assim, Miguel sente que não consegue nos
acompanhar.
Não basta mudar de
vida, de cidade, de prioridade. É preciso mudar a cada instante,
observando nosso agir, nosso sentir, nosso pensar, nosso fazer.
Eu digo pro meu
filho que não sei se temos planos pra amanhã, vamos viver o hoje, o
agora. Mas será que eu estou fazendo isso? Suas perguntas e
afirmações me dizem que não, que sou eu que preciso estar mais
tranquila, menos ansiosa, mais satisfeita com o que temos e que é
tanto.
Confesso que não
sei bem por onde começar, mas agradeço ao meu filho por ser esse
espelho tão preciso da mãe.
1Comecei
a escrever esse post há mais de 3 meses, Miguel já fez 4 anos, mas
continua perguntando sobre os planos!
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