segunda-feira, 6 de junho de 2016

Menos é mais


Saímos de Algodões já com saudades e sabíamos que nossa próxima parada seria, no mínimo, roots. E é! Aldeia é uma fazenda à beira do Rio de Contas, perto de Itacaré, em que moram seis famílias. Tivemos que trazer tudo pra cá, desde lençóis e toalhas, até toda a nossa comida pelo tempo de estadia. E levaremos nosso lixo embora.
Estamos alojados em dois quartos que se comunicam por uma porta. Compartilhamos o banheiro com outras famílias e usamos a cozinha coletiva para fazer nossa alimentação. Ali não há mesa. Comemos no chão sobre esteiras.

Esperando o café da manhã

A natureza aqui é potente, está em todo lugar, até no banheiro, onde uma pequena planta cresce pegada à porta, na parte interna. Fomos à uma linda cachoeira com pequenas piscinas naturais.

Em expedição

Conhecemos um pouco da produção de produtos da marca Aldeia feitos aqui: tahine, creme de amendoim, de castanha de caju e de cacau, óleo de côco, guee. Vimos algumas casas que estão sendo construídas com técnicas de bioconstrução. Há voluntários em ambos projetos.
Cozinhamos todas as nossas refeições, compartilhamos algumas.


Algumas casas de Aldeia: natureza potente

As pessoas aqui são extremamente amigáveis. As crianças são amáveis e Miguel imediatamente se identificou com elas. É a primeira vez, em toda a viagem, que o sinto tranquilo, integrado, feliz. Ainda não tivemos nenhum conflito mais importante com ele. As noites têm sido tranquilas, todos dormindo no chão, em dois colchões de casal colocados lado a lado.

hora da mexerica: mirando o Rio de Contas

Sinto aqui que estamos sendo. Em outros lugares o ego esteve mais presente, precisávamos nos explicar, dizer quem éramos, o que pensávamos, o que queremos, sempre com o objetivo de atender ao que acreditamos ser a expectativa do outro. Aqui não sinto cobranças, minhas ou dos outros. Mesmo nossos ciclos de humores, de altos e baixos, não têm rolado. Estamos tranquilos, só sendo, só vivendo.
As pessoas aqui estão na essência. Não há porque usar desodorante, raspar-se, mudar de roupa todo dia. Tudo é vivido no agora: comer, tomar banho, dormir, passear, entrar no rio, estar com as crianças.
As crianças brincam em toda sua potência, livres na natureza. Até os bebês são mais autônomos e se distanciam dos adultos sem medo por qualquer dos lados. Me sinto realmente leve, suprindo minhas necessidades essenciais, estando, sendo.

Ver Miguel assim é pra mim um presente. Pode ser o lugar, podem ser as pessoas, pode ser o trabalho que vimos fazendo para enfrentar os desafios da viagem e de estar em família nas condições em que estamos. Pode ser muita coisa. Mas não tenho dúvidas de que menos é mais, porque o que fica é a essência. Aldeia, pra mim, é essência.

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